domingo, 20 de junho de 2010

O enfermeiro aloprado

Por Alberto Magalhães

Gente boa, humano e comunicativo, João, um semi-alfabetizado desenrolado chegou numa cidade do interior de São Paulo e foi a um hospital da cidade onde um primo seu era o diretor e lhe pediu um emprego. O primo o contratou como atendente. O seu serviço se resumia a preencher manualmente cadastros com os dados dos pacientes que ali chegavam.

No entanto, nos momentos de ociosidade, ele funcionava como um voluntário-auxiliar de enfermagem. Logo no cadastro de um rapaz hemofílico ele escreveu sifílico e no de um sifílico, sulfúrico. Até hoje, quando alguém lembra dele, questiona se era burrice ou gracejo mesmo. Para distrair um paciente que tinha a barriga meio volumosa ele lhe perguntou: "Onde você comprou essa camisa, já vem com uma melancia dentro?"

Mas foi em outro dia que ele pegou um tabefe. 

Num apartamento, perante uns parentes aflitos de um rapaz que fora operado por causa de uma colisão do seu veículo com um poste, ele saiu com essa: "Se eu morrer de batida, que seja de limão." Ficou com um olho roxo.

Entre as suas peripécias, ele chegou a pôr um paciente para dormir com outro, ambos sedados, "para se esquentarem" numa noite fria.

Ele foi demitido e proibido de entrar no hospital. Recém-formado como técnico em enfermagem está trabalhando num hospital de Aracaju, sua terra natal.
 
 
Alberto Magalhães é Funcionário Público em Aracaju, SE e autor dos blogs: