domingo, 3 de junho de 2012

Ostracismo de outono

O outono com seu raro sol, de longas noites e de cores curtas, de longos pensamentos com breves ansiedades, de abraços acolhedores que aquecem e solidões que vêm nem sempre bem-vindas. A esperança do prazo para a tristeza em um tempo que espera novos tempos em que tudo se fará novo, desde as já conhecidas cores, até os mais familiares sorrisos esquecidos agora. Desejo de novas colheitas que vêm com o velho desejo de compartilhar o que se tem, o que sobra, ou o pouco que é pertencido mesmo que seja para repartir ao próximo e sentir-se feliz. 

Tempo de reparar o cotidiano com mais introspecção, de pensar durante as noites frias o motivo dos descaminhos, das falhas, mas ainda das inseguranças, que apesar de muitas, fizeram o acerto, que trouxeram dias felizes e importantes, mesmo que por alguns instantes de eternidade. Momento de buscar consolo até mesmo na certeza de que a injustiça acometida, as maldades que quase causaram desistência, são partes do aprendizado. Tempo de tentar, mesmo na percepção do cinismo das almas que se diziam sinceras e que só trouxeram a frustração e o fardo de uma existência que tenta ser livre de fardos, a reescrita de uma história livre dessas memórias que matam aos poucos.

A tristeza junto com a frustração, a dor da injustiça e do desassossego e o desgosto podem estar camuflados na estação dos casulos, do sonho adormecido, do amanhecer guardado. Alvorecer que é agora guardado somente na retina da alma que vislumbra nada mais do que o cinza do dia que perdura por toda a noite, de frio ou de chuva do tempo de outono. A tristeza, a frustração, a dor da injustiça e do desassossego e o desgosto, aclimatados no tempo que parece congelado dentro de um quadro pintado com cores mortas de uma existência estática. Mas eles sairão mesmo antes do novo dia, da nova época, da nova estação. Não permanecerão no novo tempo que virá, porque não resistirão ao mais suave gesto real de humanidade, à mais simples palavra de amizade verdadeira, à mais sincera palavra de consolo, ao amor na mais singular forma na estação onde tudo se fará novo e perfeito. Serão estranhos e não participarão  na contemplação dos casulos amadurecidos, do sonho transformado e da luz que anuncia vida nova e renovada.

4 comentários:

pri disse...

Olá... brigado pela visitinha... vc perguntou da esperança... não sei se há esperança... sei que ha saudade... mta saudades! bjos adorei seu blog...mto lindo

Marcos Vinicius disse...

Olá, eu que agradeço sua visita!
Abs.

ALRC disse...

Marcos, preciso de tempo para escrever e visitar seu blog, muitos textos bastante ricos de ensinamentos....Paz e bem.Amanda

Marcos Vinicius Gomes disse...

Oi Amanda,

Muito agradecido pelas palavras amigáveis. Obrigado mesmo. Fique em paz, abs.