domingo, 12 de junho de 2011

Um par moderno: ele

- Tá bom Laís, você tem razão. Não, eu tô dizendo que você tem razão, tem razão mesmo. A moça falou que eu tinha letra bonita quando leu minha assinatura na notinha...o que eu posso fazer? Na verdade eu tenho o hábito de rubricar, essa foi uma exceção e você faz esse escarcéu todo. Ahn...sei...isso é da sua cabeça, a caixa não tinha nada de refestelada, ela me tratou como cliente, assim como você, oras! Hum...sei...sei...talvez...sei...hum. Mas foi bom ter acontecido isso, da próxima vez pago no débito e pronto, não tem assinatura nem nada...Eu fiquei muito constrangido, você me fez passar um carão ali na frente de todo mundo! Você ficou tão histérica comigo que nem ouviu ela dizer para o fiscal que a gente formava um bonito casal. Não Laís, o bonito era o casal, eu e você, entendeu? Não, não era eu e só a assinatura era bonita. Eu saberia se fosse um elogio com outra finalidade. Sim, saberia. Isso pode acontecer. Não sei, Laís. As mulheres são complicadas, mas eu sei se fosse outra coisa.

Aqui é um cantinho bonito, né? Vou chamar a moça que atende. É aquela de camisa verde. Ih, ela foi pra lá, vou esperar pra ver se ela viu a gente. Já vim aqui com o pessoal, é bem gostosa a comida. Não meu anjo, já disse que só vou pagar com o débito, não lembra? É que eu falo contigo e você fica com esse livro da Jane Austen e não presta atenção no que eu digo. Fica aí viajando, que coisa, ha, ha! Eu comecei a ler Orgulho e Preconceito semana passada, meio sonolento, eu prefiro Sherlock Holmes . Não, não é sem graça não. Se tem romance? Uai. Tem que ter romance pra ser bom? Não, os filmes do Bronson não tem romance também, que coisa. Ah, Laís, emoção a gente encontra, por exemplo no céu, nos lugares onde a gente está, aqui contigo! Ai, pra que você me beliscou, o que eu disse demais? Não, não fui irônico, mas porque esse beliscão, ai...

Hum...o lanche estava bom, não estava? Vamos ver o filme? Li na internet que é comédia romântica. Suas amigas gostaram, né? Mulheres geralmente gostam desse tipo de filme...Qualquer dia desses vou apresentar uns amigos pra suas amigas. Tem o Joca e o Celso que estão encalhados, talvez alguma amiga sua queira conhecer. Você quer parar de ficar me beliscando? Claro que conhece eles, a gente sempre joga pebolim junto. Aquele dia que você foi lá em casa e ficou nervosa porque não ouvi você chamar porque a campainha tinha quebrado, eles estavam lá jogando comigo. É que você deu piti e não prestou atenção. Não, aquele era o Luís e ele é casado. Sei...quando você fica nervosinha, parece que não vê mais nada. Eu sei quem são suas amigas de pife-pafe e nunca confundi nomes...Não, pingue-pongue não é infantil coisa nenhuma, é esporte olímpico!

Não meu anjo, vem cá, deixa disso...não ninguém tá te olhando. Eu estou aqui, não estou, pra que isso agora? Tá bom, tá bom, desculpa, vamos jogar sim pife-pafe amanhã, ok? E depois, quem sabe,  eu te ensine a jogar pingue-pongue direito...é, aquele é o pebolim, que tem o campo de futebol em miniatura com os jogadores nas varetas...pingue-pongue é com a raquete e a bolinha leve. Sei...hum...que bobagem, claro que eu sei meu anjo, eu também...vamos, vamos, já vai começar o filme.

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